Os golpistas presos no 8 de janeiro deram explicações curiosas para os acontecimentos daquele dia e sobre a razão que os levou até os prédios que invadiram e depredaram.
Um arquiteto de 44 anos de Santa Catarina, Cirne Rene Vetter, disse à Polícia Civil do Distrito Federal que não foi a Brasília tentar um golpe de Estado, mas sim conhecer a obra de seu colega de profissão, Oscar Niemeyer.
Segundo ele, no dia em que supostamente foi visitar os monumentos da Praça dos Três Poderes, deparou-se, por completa coincidência, com a manifestação golpista. Ele nega qualquer ato de vandalismo.
“Perguntado onde foi detido, o interrogado afirmou que foi detido no prédio que tem a rampa cujo nome não sabe dizer, mas fica à esquerda da praça que tem um monumento de duas pessoas”, disse, após ser preso, referindo-se provavelmente ao Palácio do Planalto.
“Aduziu que, como a polícia não estava por perto, acreditando que os ânimos estavam apaziguados, decidiu por adentrar aquele prédio para apreciar a arquitetura. Que, quando estava saindo desse local, a polícia estava entrando, já jogando bomba, rendendo os que lá estavam e dando voz de prisão aos então presentes”, concluiu, segundo o auto de prisão.
Já Davis Baek, um homem de 41 anos que foi de São Paulo a Brasília e acampou em frente ao Quartel-General do Exército, foi preso com dois canivetes, uma faca, dois rojões e duas cápsulas de gás, uma delas já deflagrada.
Questionado pela polícia, disse que não sabe de onde vieram os rojões que estavam na sua mochila. Reconheceu que a faca e os canivetes eram dele. O gás lacrimogênio, disse que encontrou no chão e guardou como souvenir.
Outro preso, Matheus Lima de Carvalho Lázaro, 23, estava com uma faca, uma jaqueta do Exército e uma camisa do Brasil na mochila. Paranaense, foi de ônibus a Brasília e ficou acampado no QG de sábado para domingo.
No dia 8, Matheus contou à polícia que invadiu o Congresso, gravou vídeos lá dentro e pediu uma intervenção militar. Apesar do rol de crimes confessos, voltou atrás e negou o que havia admitido ao policial que o prendera: disse não ter roubado uma lata de guaraná de uma geladeira do prédio.
À polícia, Matheus negou que tenha participado de qualquer ato violento. Em mensagens enviadas no dia e encontradas pela polícia no seu celular, entretanto, foi menos pacífico. “Tem que quebrar tudo, pra ter reforma, pra ter guerra, amor. Pro Exército entrar, entendeu?”, escreveu à namorada.