Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Governo defende a Kerry que EUA doe ao menos US$ 1 bi para Fundo Amazônia

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante cobrou empenho dos EUA; governo brasileiro faz reuniões com John Kerry, enviado de Joe Biden

atualizado 28/02/2023 16:12

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U.S. Department of State

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, órgão responsável pela gestão dos recursos do Fundo Amazônia, defendeu ao assessor especial do governo americano para o Clima, John Kerry, que os Estados Unidos contribuam com ao menos US$ 1 bilhão ao ano para o fundo. A reunião aconteceu nesta segunda-feira (27/2) no Itamaraty.

No encontro, Kerry perguntou que valor o Brasil esperava dos EUA para o Fundo Amazônia. O enviado do presidente norte-americano, Joe Biden, também lembrou que o repasse precisa ser aprovado pelo Congresso daquele país. O valor inicialmente sugerido pelos Estados Unidos, US$ 50 milhões, decepcionou negociadores brasileiros, especialmente pela distância dos US$ 20 bilhões que Biden, na campanha de 2020, prometeu arrecadar junto a outros países para a proteção da Amazônia.

De acordo com participantes da reunião, Mercadante cobrou empenho dos Estados Unidos e citou US$ 1 bilhão como um bom valor inicial. Segundo participantes da reunião ouvidos pela coluna, Mercadante questionou como os EUA, maior economia do mundo, enviariam menos dinheiro do que a Noruega, maior financiador do fundo. Mercadante brincou que seu papel ali não era agir como diplomata, como os demais presentes, mas ser objetivo. Kerry riu.

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

Agência Brasil
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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Estudo do Ipam, divulgado em 2022, alerta que a tendência é o desmatamento crescer ainda mais na Amazônia caso sejam aprovados projetos de lei que estão em discussão no Congresso. Segundo o instituto, esses textos preveem a regularização de áreas desmatadas e atividade de exploração mineral em terras indígenas

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

Kerry e Marina Silva anunciarão ainda nesta terça-feira (28/2) a criação de grupos de trabalho entre autoridades dos dois países para a cooperação em torno de temas ligados ao meio ambiente.

Mercadante sugeriu a Kerry uma série de pontos que poderiam ser acrescentados à agenda bilateral dos dois países, entre eles a cooperação para a segurança das fronteiras da Amazônia e, fora do tema ambiental, na construção do Complexo Industrial da Saúde, que englobaria o conjunto de indústria de pesquisa e produção de medicamentos e ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs), insumo básico para o setor.

Também está prevista nessa agenda bilateral a cooperação no desenvolvimento de energias limpas, setor em que o BNDES já têm uma série de investimentos, fabricação de ônibus elétricos e biocombustíveis.

No último dia 10, após uma reunião com Joe Biden na Casa Branca, Lula e o presidente norte-americano afirmaram em comunicado conjunto que os EUA decidiram aderir ao Fundo Amazônia. A Noruega e a Alemanha são os principais doadores do fundo ambiental.

O Fundo Amazônia ficou parado durante todo o governo Bolsonaro. No ano passado, dia seguinte à vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro, a Noruega anunciou que retomaria os repasses. Em 3 de janeiro, dois dias após a posse de Lula, a Noruega informou que o Brasil já poderá aplicar R$ 3 bilhões dessa verba.

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