Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Gonet cita André do Rap ao insistir que STF prenda membro do PCC solto

Paulo Gonet recorreu da decisão de Barroso, presidente do STF, que rejeitou prisão de ex-diretor da Gaviões da Fiel ligado ao PCC

atualizado 07/02/2024 14:35

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Depois de o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, rejeitar pedido do Ministério Público de São Paulo para prender Elvis Riola de Andrade, conhecido como Cantor e ex-diretor da Gaviões da Fiel ligado ao PCC, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, insistiu com o ministro, na terça-feira (6/2), pela prisão.

Em embargos de declaração à decisão de Barroso, Gonet argumentou, em discordância com o entendimento do ministro, que cabe ao STF analisar o pedido do MP paulista. O embargo é um tipo de recurso destinado a apontar e esclarecer omissões, contradições, obscuridades ou erros em decisões judiciais.

A promotoria de São Paulo tenta no Supremo suspender a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que atendeu a um habeas corpus da defesa de Cantor e derrubou uma ordem de prisão preventiva do Tribunal de Justiça paulista contra ele.

Antes da decisão de Barroso, a PGR já havia se manifestado favoravelmente ao restabelecimento da prisão de Cantor. O ministro negou seguimento ao pedido do MPSP antes mesmo de analisar o mérito, por considerar que o STF não tinha competência para julgá-lo. Quem havia assinado o parecer do órgão foi o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho.

Ao assumir pessoalmente o caso, Paulo Gonet reforçou os argumentos da PGR e do MP de São Paulo pela prisão do acusado. O chefe da PGR afirmou que Cantor, condenado pelo homicídio de um agente penitenciário no interior de São Paulo, em 2009, deixou o Brasil, rumo à Bolívia, após ganhar o direito de recorrer em liberdade.

“O paciente, condenado por homicídio duplamente qualificado e integrante de conhecida organização criminosa, informou, logo após a obtenção do direito de recorrer em liberdade, possuir residência na comarca de São Paulo. Não obstante, decidiu mudar-se para a Bolívia, sem comunicação prévia ao juízo competente, valendo-se, para tanto, de certidão de antecedentes criminais falsa, o que motivou sua detenção naquele país”, disse Gonet.

Em seu recurso, o PGR lembrou o caso de André Oliveira Macedo, o André do Rap, líder do PCC solto por uma liminar do então ministro Marco Aurélio Mello em outubro de 2020. Quando o STF suspendeu a decisão de Marco Aurélio, André do Rap já havia fugido — ele está foragido até hoje.

Paulo Gonet alegou a Barroso que o caso do líder da facção criminosa é “análogo” ao de Cantor. Ele pede que a prisão preventiva dele seja restabelecida até o julgamento colegiado de seu habeas corpus no STJ.

“Em situação análoga, analisando alegação de ofensa à segurança e ordem públicas decorrente de liberdade concedida liminarmente em habeas corpus a paciente de alta periculosidade, integrante da mesma organização criminosa de Elvis Riola de Andrade e foragido após a concessão de liminar, o Supremo Tribunal Federal concedeu a suspensão pretendida até o julgamento do writ pelo colegiado”, afirmou Gonet a Barroso.

“Writ”, no jargão jurídico, quer dizer habeas corpus.

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