Com Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e João Pedroso de Campos

Chefe de polícia do RJ foi indicado por deputado ligado a miliciano

Na segunda-feira (23/10), 35 ônibus e um trem foram queimados na cidade do Rio de Janeiro após morte de miliciano pela Polícia Civil

atualizado 27/10/2023 20:15

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marcus amin-marcio canella Reprodução

O novo secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marcus Amin, nomeado na última quinta-feira (19/10), foi indicado ao cargo pelo deputado estadual Marcio Canella, do União Brasil, ligado ao chefe de uma milícia na Baixada Fluminense. Nesta segunda-feira (23/10), 35 ônibus e um trem foram queimados na cidade do Rio de Janeiro em represália à morte do miliciano Matheus Rezende pela Polícia Civil.

Canella, que tem seu berço eleitoral em Belford Roxo (RJ), foi apoiado por Juracy Alves Prudêncio, o Jura, durante a campanha de 2022, quando foi o deputado estadual mais votado. Jura foi condenado em 2017 por homicídios e por liderar a milícia “Somos Comunidade”, um dos grupos criminosos da Baixada Fluminense. A mulher do miliciano trabalha no gabinete de Canella na Assembleia Legislativa do estado (Alerj).

Ônibus incendiado no Rio
Vídeo mostra homem ateando fogo em ônibus no Rio de Janeiro
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Rio tem pelo menos 30 ônibus incendiados após morte de sobrinho de miliciano

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Ônibus incendiado no Rio

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Vídeo mostra homem ateando fogo em ônibus no Rio de Janeiro

Reprodução

Além da ligação com Jura, Canella também é investigado pelo Ministério Público Eleitoral por coação a eleitores contrários à sua campanha e da deputada Daniela Carneiro, ex-ministra do Turismo do governo Lula. O auge dos episódios de ameaça, como informou o repórter Ítalo Nogueira, da Folha de S. Paulo, foi quando seguranças armados e sem identificação expulsaram uma candidata e seus eleitores durante uma agenda em Belford Roxo.

O secretário da Polícia Civil, delegado Marcus Amin, foi homenageado a pedido de Canella em 2022. O delegado, que só assumiu a Secretaria de Polícia Civil após pressão da Alerj, recebeu a medalha Tiradentes, maior condecoração do estado.

(Atualização às 20h do dia 27 de outubro de 2023: em nota à coluna, o deputado Marcio Canella disse que o combate às milícias e o fortalecimento da segurança pública são temas centrais em sua carreira política. O parlamentar do União Brasil citou na nota uma série de medidas de seu mandato que demonstrariam isso.

“Dia 21 de março, de 2023, eu e o presidente da Alerj protocolamos uma indicação legislativa para a crianção de delegacia especializada de combate às milícias;

Dia 9 de março de 2023, estive pessoalmente no 39° Batalhão cobrando reforços à segurança de diversos bairros no município de Belford Roxo.

Dia 19 de maio de 2023, em representação do União Brasil, falo sobre o maior alvo da minha carreira política: a segurança da população fragilizada;

Dia 2 de junho de 2023, anunciei mais um passo junto ao governador, após iniciativa marcada com a minha presença, quanto à criação de mais de 1.300 vagas na Polícia Civil do estado para reforçar ainda mais a segurança;

No dia 9 de agosto de 2023, depois de muito trabalho, conseguimos a implantação de uma Companhia Destacada da Polícia Militar local, para atender a diversos bairros de Belford Roxo, garantindo a segurança e a liberdade dos moradores locais;

Dia 11 de agosto de 2023, em conversa no Palácio da Laranjeiras, estive com o governador reforçando a importância da segurança pública no Baixada Fluminense;

Dia 18 de setembro de 2023, estive com o Coronel Reis, reforçando a urgência da retirada de barricadas e mais reforço nas ruas do bairro de Belford Roxo;

No último dia 24, expressei meu apoio ao reforço da segurança, inclusive com a presença da segurança federal e repudiei as ações das milícias que tanto venho combatendo na minha trajetória política, com ainda mais expressão nesse meu mandato”.

Canella disse ainda que sua ligação com Giane, a mulher do miliciano Jura, foi “100% política” e que, como ela foi eleita anos antes em Nova Iguaçu (RJ), e era considerada uma liderança política, ela o ajudaria na campanha.

“Não é possível fazer um juízo de valor de quem é certo ou errado. Meu interesse no apoio da Geane era 100% político, e partia do princípio de ser ela uma escolhida pelo povo, já que possuía mandato junto à casa legislativa municipal”.)

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