Em 2018, a poucos meses de assumir a presidência rotativa do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli foi conversar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no apartamento dele na rua Rio de Janeiro, em São Paulo.
Bolsonaro ainda não havia sido eleito, mas sua vitória era dada como certa. Toffoli estava atrás de conselhos. Conta uma testemunha do encontro que à certa altura da conversa, Fernando Henrique perguntou de supetão ao ministro:
“Você gosta de boxe?”
Toffoli respondeu:
“Gosto, e muito desde os tempos do Cassius Clay”.
(Cassius Marcellus Clay Jr., que depois adotou o nome de Muhammad Ali-Haj ao aderir ao islamismo, foi um dos maiores lutadores de boxe de todos os tempos.)
Fernando Henrique insistiu:
“Você sabe o que é clinche?”
“Sei.”
(No boxe, clinche é o lance em que o lutador abraça seu adversário para impedi-lo de desferir golpes.)
Fernando Henrique então completou:
“Pois você vai ter que passar seu mandato no Supremo em clinche com Bolsonaro para evitar que ele vá adiante com seu projeto golpista.”
No futuro, essa e outras histórias serão contadas em um livro.
