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Donald Trump é Jair Bolsonaro amanhã

Com uma grande diferença: se condenado, um poderá se candidatar, o outro não

atualizado 04/04/2023 3:49

Bolsonaro e Trump Alan Santos/PR

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-presidente virou réu por acusações criminais. Repetindo: um ex-presidente americano foi indiciado por crime pela primeira vez.

O que pode chocar mais os americanos é que a acusação capaz de romper essa barreira foi a de pagamento de suborno para abafar um caso com uma atriz de filmes pornô.

Sexo e poder se misturam por toda parte. John Kennedy transava com garotas de programa dentro da piscina da Casa Branca. Os jornalistas sabiam, mas fingiam que não. Kennedy era charmoso.

Bill Clinton escapou de responder a processo de impeachment. Descobriram seu esperma no vestido de uma estagiária da Casa Branca. Ele alegou que sexo oral não era propriamente sexo.

O tempo das diligências já havia passado, mas o das redes sociais não havia chegado. Agora, no tempo da Inteligência Artificial, tudo é possível, até imagens perfeitas de Trump algemado.

Logo mais quando ele comparecer diante de um tribunal em Nova Iorque para ser fichado e ouvir a acusação, a imprensa ficará de fora porque o processo corre em segredo de justiça.

Com isso, Trump se torna o único dono da narrativa sobre o que se passou por lá. Assim tem se comportado desde que virou réu sem deixar de ser aspirante a candidato a presidente em 2024.

“Quero agradecer a todos pelo enorme apoio que me deram contra este ataque à nossa Nação. Nosso outrora belo país é uma nação em declínio”, escreveu Trump em sua rede social.

“Os bandidos da esquerda radical e os líderes golpistas tomaram conta do nosso país e o estão destruindo. Vivemos em um país de Terceiro Mundo, mas vamos torná-lo grande novamente”.

Trump está como sempre quis – no centro do palco. Espera fazer do processo um trunfo eleitoral. Desde que foi acusado, já arrecadou 5 milhões de dólares para sua campanha.

Dinheiro do seu bolso, gasta pouco. Subtrai dinheiro alheio e não falta quem lhe dê. Desembarcou em Nova Iorque como um pop star. E voará de lá direto para um comício na Flórida, esta noite.

É remota a hipótese de ser preso, mas se for pagará fiança e irá para casa. Se condenado, não ficará inelegível. Aqui, se condenado em um dos processos que responde, Bolsonaro ficará inelegível.

Bolsonaro é um aprendiz mal ajambrado de Trump. Está sempre vários passos atrás dele, copiando o que vê e ouvindo os conselhos dos estrategistas da extrema-direita americana.

De vez em quando, guia-se por seus próprios instintos, e eles só lhe criam problemas. Trump receitou cloroquina contra a Covid, mas depois recuou rapidinho. Bolsonaro seguiu em frente.

Ao deixar a Casa Branca, Trump levou documentos secretos, o que era proibido. Bolsonaro levou joias que deveriam ter ficado e que ele recebeu ilegalmente. Encrencou-se e foi obrigado a devolvê-las.

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