Com seus bulevares, praças e casas de padrão bem superior ao quadro geral de pobreza de Gaza, Rimal, o local mais sofisticado e considerado um dos mais seguros da cidade de Gaza, foi reduzido a pó sob o peso de intenso bombardeio israelense.
Vingança devido à invasão de Israel pelo grupo radical Hamas no último 7 de outubro? As Forças de Defesa de Israel dizem que não, que Rimal apenas pagou o preço de abrigar dirigentes do Hamas. E eles estavam lá quando as bombas caíram? Ninguém sabe.
Os militares dizem que muitos estavam, mas não é possível verificar. Dizem também que havia dirigentes do Hamas no comboio de ambulâncias que levariam feridos para o Egito. Por isso, algumas delas foram bombardeadas.
A alegação dos militares procede? Ninguém sabe, nem eles mesmos. Sabe-se que o bombardeio matou e feriu dezenas de civis, como ocorreu com ataques a hospitais, escolas, a universidade de Gaza, e campos de refugiados em áreas urbanas. Guerra que segue.
Ou melhor: mortes que seguem. Amanhã completará um mês dos ataques terroristas do Hamas contra Israel. A carnificina não tem data para acabar. Dentro de 48 horas, a cidade de Gaza estará completamente cercada pelo exército de Israel.
Pela terceira vez, a internet e as linhas telefônicas foram cortadas na Faixa Gaza. É o aviso de que as portas do inferno se abrirão de novo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu voltou a rejeitar os apelos para um cessar-fogo sem que os reféns sejam libertados.
O Hamas já ofereceu a libertação dos reféns, mais de 240, em troca da suspensão dos bombardeios. Netanyahu finge que não escutou. No fim de semana, a intensificação do conflito refletiu-se ainda na fronteira Norte de Israel com o Líbano.
Ali, três crianças com idades entre os oito e os 14 anos, e a sua avó, foram mortas quando um ataque israelense atingiu o carro que as transportava. O ministro dos Negócios Estrangeiros libanês anunciou que irá queixar-se à ONU. Adiantará alguma coisa?
Em Gaza, Israel bombardeou outro campo de refugiados, o de Maghazi, no centro do território. Pelo menos 47 pessoas foram mortas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Já morreram 9.770 palestinianos, dos quais 4.800 crianças.
Saeed al-Nejma, de 53 anos, que dormia com sua família em Maghazi quando as bombas caíram, disse à agência inglesa de notícias Reuters
“De noite, eu e outros homens tentamos recolher os mortos entre os destroços. Apanhamos crianças, pessoas desmembradas, pedaços de corpos”.
Os movimentos de protesto contra a guerra em Gaza em muitos países tiveram uma evolução preocupante na Turquia no dia em que era esperada a chegada ao país do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Manifestantes pró-Palestina tentaram invadir a base militar dos Estados Unidos de Incirlik. Foram dispersados pela polícia com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo. A saída de cidadãos feridos em Gaza para o Egito continuou suspensa.
O domingo ficou marcado por mais dois episódios. O ministro do Património de Israel, Amichay Eliyahu, disse que lançar uma bomba atômica em Gaza era “uma opção”. Netanyahu desautorizou-o dizendo que ele estava “desligado da realidade”.
O Comando Central dos Estados Unidos comunicou que um submarino nuclear foi enviado ao Oriente Médio. Ele irá juntar-se a dois porta-aviões, o USS Gerald Ford e o USS Dwight D. Eisenhower, que já estão na região desde o início da guerra.