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Volta: Bolsonaro (EUA), Michelle (DF), Roma (Bahia) (por Vitor Hugo Soares)

Os lances preparatórios para volta do capitão, ao seu campo de jogo, se deram entre Washington e Brasília

atualizado 11/03/2023 1:33

Jair Bolsonaro em viagem ao Oriente Médio em outubro de 2019 Valdenio Vieira/PR

Movimentos políticos e estratégicos, concatenados dentro e fora do Brasil, sinalizam ensaios para o retorno, ainda este mês, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Menos de três meses depois de escapulir, para a Flórida, dois dias antes da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fugindo do dever ético e democrático passar a faixa ao sucessor e abrindo espaço para o infame ataque golpista aos três os do poder na República, no insano 8 de janeiro, em Brasília.

Os lances preparatórios para volta do capitão, ao seu campo de jogo, se deram entre Washington – onde Bolsonaro passou o fim de semana falando para ouvidos da direita mais conservadora e em conversas com Donald Trump – e Brasília, onde a ex- primeira-dama trafega, nas rodas dos arranjos políticos dos ex- donos do poder, pilotando o PL Mulher – em tarefa delegada expressamente pelo marido – cuja largada feérica planejada pelo partido, para 8 de março (Dia Internacional da Mulher), foi atropelada pelo escândalo do cavalo (de pata quebrada) recheado de joias caras, cravejadas em pedras preciosas vindas dos emirados árabes.

A terceira ponta é costurada em Salvador, onde o ex-ministro do Desenvolvimento Regional, João Roma, tem a complicada tarefa de tentar expandir o bolsonarismo no Nordeste, a começar pela Bahia: portão de entrada da região considerada “calcanhar de Aquiles”, crucial para o crescimento nacional sonhado pela direita. Isto já com vistas às eleições municipais de 2024, cuja tomada da prefeitura de Salvador, sob comando do União Brasil, do atual prefeito Bruno Reis e do ex ACM Neto (secretário nacional do partido) virou questão de honra para o PT (de Rui Costa e Jaques Wagner) e o PL de Waldemar Costa Neto e Jair Bolsonaro.

Esta semana, Roma deu entrevista tão inesperada quanto reveladora, na Rádio Band News FM- Salvador, ao jornalista Victor Pinto, também colunista da Tribuna da Bahia. Candidato derrotado ao Palácio de Ondina, nas eleições passadas, Roma disse continuar afastado do ex- amigo irmão ACM Neto – “a conversa mais recente foi por celular e Neto me agradeceu, em fala rápida, por eu ter formalizado publicamente meu apoio a ele no segundo turno para governador, contra o candidato do PT, que sempre considerei o inimigo principal”, disse Roma. Mas frisou que atua na reaproximação com o prefeito Bruno Reis, com vistas às municipais de 2024. “O PL tem nomes para a prefeitura da capital, a começar pelo meu”, afirmou o homem de confiança de Bolsonaro no Nordeste.

Bolsonaro fala em retorno nos próximos dias de março, de históricos temores e tremores políticos e institucionais de amarga memória. Há o rolo das jóias, presente dos árabes, cuja ponta do iceberg de verdade – revelado em furo de reportagem pelo Estado de São Paulo, parece ainda submersa nas águas da Baia de Todos os Santos. Vinculada à veloz e estranha venda, pela Petrobras, por US$ 1,8 bilhão (o equivalente a R$ 10,1 bilhões na época), da pioneira Refinaria Landulpho Alves (Mataripe). Então, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) alegou que a refinaria foi vendida pela metade do preço que valia. Presentão do governo do capitão as empresários árabes! Mesmo com todo barulho, o retorno do ex- mandatário parece inevitável e terá como sinal, para embarque em Orlando, a saída, de Brasília, do presidente Lula para a China. Sombras de março!

 

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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