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Visita ao paraíso (por Tânia Fusco) 

No trabalho ou no lazer, alegres interações coletivas – sem disputas - fazem os humanos mais felizes

atualizado 02/08/2023 0:21

Ninguém deveria morrer sem assistir um show de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Paulinho da Viola. Todos desfrutando dos 80. Plenos. Orixás da musica popular brasileira. Donos da trilha sonora de muitas décadas, muitas vidas. Salve, salve.

Caetano cantou em Brasília no domingo 30, em festival de areia fake, com plateia em pé, liberada pra cantar e dançar. E a povo cantou. E dançou. Aglomerado. Embolado.  Feliz da vida.

O menino de não mais que 18 soltou a voz. Acompanhava Caetano no clássico Sampa. Teve a companhia de centenas – mais velhas, muito mais velhos, jovens adultas, quase crianças. Tudo ali, no maior prazer, entoando as música, sem errar as letras.

Depois de Sampa, o de mais de 18, testa colada numa das meninas do seu grupo, exibiu-se: Não tô acreditando no quanto tô feliz!

A felicidade ali estava explicita. Era envolventemente contagiosa.

No junto e misturado da plateia, é bom demais desfrutar dessas cantorias coletivas, com os pés dançantes, os braços ao ar e as trocas de olhares risonhas. Um bom show de música é visita ao paraíso. Os músicos brasileiros garantem voos, curtos e diretos, pra esse destino.

A humanidade nunca precisou tanto desses momentos de visita ao paraíso.

Como um bom show, os prazeres coletivos deveriam ser obrigatórios, registrados em carteirinhas de cidadão, tipo as das vacinas.

– Neste ano, assisti, registrei e aplaudi um por de sol com a praia cheia e o mar calmo.  (Vale 10 pontos e cashback dobrado).

– Consegui assistir (e/ou participar fantasiado e solto) de um desfile de Escolas de Samba – do Rio, de São Paulo, ou por aí alhures. (Multiplicou por 10 a pontuação acumulada).

– Desfrutei de um clássico de futebol, no Maracanã. (Ganhou desconto extra nas compras do Mercado Livre e da Shein).

Deveria ser proibido morrer sem provar das visitas ao paraíso da emoção coletiva. Elas valem ouro.

Desde 1938, pesquisadores da Universidade de Harvard, acompanham 700 profissionais para investigar quais fatores são capazes de aumentar ou diminuir a felicidade no trabalho.

Pois saiba. Os mais felizes são os que têm parcerias e trocas coletivas no trabalho.

As profissões que fazem pessoas mais infelizes são as que não oferecem possibilidade de trabalhar em equipe. Tarefas solitárias fazem com que as horas de trabalho pareçam mais longas e mais cansativas.

Estão nessa vibe os trabalhadores das entregas expressas. Também motoristas de caminhões que fazem viagens de longa distância; guardas de segurança, vigilantes e porteiros que trabalham em horário noturno; além dos que fazem trabalhos remotos sem interação constante e direta com outros – colegas ou não.

Os profissionais que trabalham em atendimentos ao cliente, tipo call center, seguem no grupo dos menos felizes, onde cabe ainda trabalhadores do comercio varejista – atividade que faz do colega um adversário a ser batido no ranking de vendas.

No trabalho ou no lazer, alegres interações coletivas – sem disputas – fazem os humanos mais felizes. Então, por favor, descole o olhar das telas, principalmente nos shows de música, e desfrute da alegria dividida entre o artista e o público, do qual você é parte. Isso, acredite, faz a vida mais leve até nos dias mais pesados.

Aos costumes.

  1. Inquérito militar concluiu que o governo Lula foi o culpado pela violência na tentativa de golpe de 8 de janeiro 2023. É mole?
  2. Em São Paulo do governador Tarcísio de Freitas, tortura e mortes em série são o modelo de reação da policia ao assassinato de um PM da Rota. A cidade de Guarujá, no litoral Norte do estado, em menos de 24 horas, contou 10 mortos pela polícia. A Ouvidoria da Polícia investiga outras 9 mortes, na mesma cidade, no mesmo dia.

Mas não é chacina. Só “ação policial”, que será, clarooo, revelada na íntegra pelas câmeras, que fazem parte dos uniformes da PM paulista. Aguarde……………..

Pedro e o tapa.

Pode um preparador físico bater na cara, depois esmurrar um atleta de seu time, ainda que o mesmo tenha sido indisciplinado durante uma partida?

Na boa. Que gente é essa?

 

Tânia Fusco é jornalista 

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