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Lula, Zelenski (e Vini JR) no G7: Ecos de Hiroshima (por Vitor Hugo)

A emblemática fala do presidente Lula

atualizado 27/05/2023 1:19

Foto colorida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Metrópoles Ricardo Stuckert/PR

Equivoca-se, redondamente, quem considera tempo perdido, dinheiro público e diplomacia jogados fora, a longa travessia feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva, até a emblemática cidade japonesa, Hiroshima, para participar, como convidado, da cúpula dos sete países mais ricos e poderosos do mundo, o G7. Afinal , o encontro estratégico de chefes de estados membros (ao lado da fina flor da diplomacia planetária) teve em outro visitante inesperado – o presidente da Ucrânia, Volodmyr Zelenski) – sua “grande estrela”, como destacado na imprensa mundial. O presidente brasileiro, porém, em sua fala, na entrevista coletiva do final da reunião, aproveitou a ressonância internacional do G7, para protestar firme e direto, contra oe odiento espetáculo racista e fascista – fora e dentro do campo – contra o craque brasileiro, Vinícius Junior, no mesmo domingo, durante a partida Valência e Real Madri, pelo Campeonato da Liga de futebol da Espanha.

A pronta reação – na dose e tamanho certos – de inegável significado e timing do governo brasileiro – é um feito para não esquecer. Em menos de 5 minutos, Lula demonstrou – em gestual e palavras – todo impacto emocional que o dominava. Mandou duro e direto protesto para a Espanha, seus dirigentes e sua Liga de Futebol (além da Fifa), somado a um alerta mundial, quanto ao perigo do serpentário racista em que estão se transformando os estádios de futebol na Europa e outras partes da terra, incluindo o Brasil. Domingo passado, Valência representou um ponto além da curva. Dos sete “torcedores” presos – na primeira batida policial depois do jogo – em Valência e Madri – quatro tinham em casa bonecos pretos, com laço de enforcamento no pescoço, pendurado em u ma trave de futebol. “Amargo fruto”, como diz a notável cantora Billie Holiday, em sua famosa canção do anos 5o.

“Não é possível que, quase no meio do século XXI, a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa. Não é justo que um menino pobre (Vini Jr) que venceu na vida, que está se transformando possivelmente num dos melhores jogadores de futebol do mundo – certamente do Real Madri ele é o melhor – seja ofendido em cada estádio de futebol que ele comparece”, reagiu o mandatário brasileiro. Isso não tem preço para um governante: justifica, política, social e diplomaticamente, os custos de qualquer viagem. ­

No mais, Zelenski conseguiu quase tudo que queria na sua passagem pelo G7: mais armas e munições, os prometidos caças F-16 (mais modernos e velozes do mundo), sem falar no apoio “inabalável” da cúpula, em Hiroshima, a começar por Estados Unidos e Alemanha. Saiu do Japão com relevante vitória diplomática e estratégica, que o permitiu dizer alto: “se os invasores russos continuarem (na Ucrânia) ninguém se sentará à mesa das negociações com a Rússia”. Vitória ucraniana, mesmo que para Moscou, “o encontro nada mais foi que um “espetáculo de propaganda” .

Seja como for, é a emblemática fala do presidente Lula, na coletiva final do G7, advertindo para a gravidade do perigo do racismo, nos estádios de futebol, que segue repercutindo na Espanha, na Europa, nas ligas esportivas e nas sociedades democráticas e civilizadas do mundo. Até ato público de protesto aconteceu, diante do consulado de Espanha em São Paulo.

Sinal de que algo positivo se move, finalmente?. A ver. Mas valeu!

 

Vitor Hugo Sares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitord.h.@uol.com.br

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